O segundo dia do 2º Fórum Internacional Universalizar trouxe diferentes painéis que abordaram estratégias de investimento público para a universalização do saneamento básico no Brasil, destacando a importância da colaboração entre os setores público e privado, além de discutir os desafios relacionados às mudanças climáticas e seus impactos no setor.
No primeiro dia, o evento contou com a presença de palestrantes de diferentes partes do mundo, que compartilharam suas experiências visando o avanço do setor. Confira agora os destaques do segundo dia de evento!
Investimento Público para Universalização
Um dos temas centrais debatidos no evento foi o papel do investimento público na universalização do saneamento. Este painel contou com a participação de Flávio Augusto Modesto e Silva, do Ministério das Cidades, Marcela Lima, da Embasa, e Osório Coelho, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Os palestrantes discutiram as estratégias e os desafios relacionados ao financiamento público necessário para alcançar as metas de universalização.
Flávio Augusto Modesto e Silva iniciou sua palestra apontando os desafios e os investimentos necessários para a universalização do serviço de saneamento no Brasil. Ele destacou a importância do planejamento e da organização para atingir as metas estipuladas até 2033. Segundo Flávio, um dos principais obstáculos é a sustentabilidade econômico-financeira dos projetos, o que exige uma regularização eficiente dos contratos. A regularização proporciona segurança jurídica e atrai investimentos, essenciais para a continuidade e a expansão dos serviços.
Flávio Augusto falou sobre os desafios e os investimentos necessários para a universalização do serviço de saneamento no Brasil.
Outro ponto crucial abordado por Flávio foi a necessidade de regionalização e ganho de escala para viabilizar tecnicamente e economicamente os serviços de saneamento. Ele enfatizou que a densidade populacional é um fator determinante para a eficiência na gestão dos resíduos sólidos. Regiões com maior densidade populacional podem obter melhores resultados através de operações mais eficientes e custos reduzidos, tornando a universalização mais factível.
Marcela Lima, da Embasa, trouxe à discussão o desafio de priorizar mais de 5.000 ações de investimento em um curto prazo. Ela ressaltou que essa tarefa é gigantesca e envolve a captação de recursos de diversas fontes e com diferentes graus de complexidade. A universalização do saneamento demanda não apenas políticas públicas complexas, mas também um mix robusto de captação de recursos. Marcela destacou que é necessário um esforço conjunto entre governo, empresas e sociedade civil para criar um ambiente favorável à atração de investimentos e à implementação eficiente dos projetos.
Osório Coelho complementou as apresentações destacando a importância da inovação e da tecnologia no setor de saneamento. Ele argumentou que, além dos investimentos financeiros, é crucial investir em pesquisa e desenvolvimento para criar soluções tecnológicas que possam ser aplicadas em larga escala. A colaboração entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e outras instituições é fundamental para promover avanços tecnológicos que tornem os serviços de saneamento mais eficientes e sustentáveis.
Marcela Lima, Osório Coelho e Flávio Augusto abriram o 2º dia do Fórum
Estratégias de Captação de Recursos
As estratégias de captação de recursos para a universalização do saneamento foram discutidas em um painel liderado por Leonardo Goes da Embasa, com a participação de Munir Abud da CESAN e Neuri Freitas da Aesbe. Os especialistas apresentaram soluções inovadoras e abordagens práticas para enfrentar os desafios financeiros do setor.
Neuri Freitas destacou a estratégia da Aesbe, que inclui investimentos, captação de recursos e reestruturação organizacional como pilares para alcançar a universalização dos serviços de saneamento. Freitas enfatizou a busca por parcerias e novos modelos de contratação para enfrentar os desafios de execução e financiamento. Segundo ele, a colaboração entre o setor público e privado é essencial para mobilizar os recursos necessários e garantir a sustentabilidade dos projetos de saneamento a longo prazo.
Neuri Freitas e Munir Abud também marcaram presença no painel.
Leonardo Goes abordou a importância de customizar soluções tecnológicas para lidar com os desafios de escala e custeio no setor de saneamento. Ele destacou que cada região tem suas peculiaridades, e as soluções devem ser adaptadas para atender às necessidades específicas de cada localidade. Goes também falou sobre o uso de parcerias público-privadas (PPPs) para investimentos em energia renovável, ressaltando a busca por soluções sustentáveis que não apenas atendam às necessidades imediatas, mas que também contribuam para a sustentabilidade ambiental e econômica a longo prazo.
Leonardo Goes abordou a importância de customizar soluções tecnológicas para lidar com os desafios de escala e custeio no setor de saneamento
Munir Abud, representando a Companhia Espírito Santense de Saneamento (CESAN), trouxe insights sobre a necessidade de qualificação da equipe e a importância de parcerias estratégicas para alcançar a universalização do saneamento. Ele destacou que a formação de uma equipe qualificada é fundamental para garantir a eficiência e o sucesso dos projetos de PPP. Abud também enfatizou que a colaboração com parceiros estratégicos permite o compartilhamento de conhecimento e recursos, facilitando a implementação de soluções inovadoras e eficazes.
Saneamento em Diversos Contextos
Neste painel, os especialistas focaram em um tema crucial: saneamento em favelas, comunidades urbanas e áreas rurais, destacando a necessidade de discussão e avanço nesses temas para atender às populações mais necessitadas. Este painel contou com a participação de Marcelo Chaves Moreira, do Ministério das Cidades, Antonio da Costa Miranda Neto e Elcires Pimenta, que compartilharam suas perspectivas sobre os desafios e soluções para esses contextos específicos.
Elcires Pimenta abriu o painel destacando a importância da execução de políticas de desenvolvimento urbano que incluam habitação, saneamento básico e transportes urbanos, sempre com a participação ativa da comunidade. Pimenta enfatizou que a inclusão da comunidade no planejamento e execução das políticas é essencial para garantir que as soluções sejam eficazes e sustentáveis. Ele ressaltou que uma abordagem integrada que considere as diversas necessidades e contextos das comunidades é fundamental para o sucesso dessas políticas.
Elcires Pimenta, coordenador do MBA de Saneamento, abriu o painel
Marcelo Chaves Moreira abordou a implementação de políticas públicas de saneamento básico nas áreas rurais, apontando os desafios complexos de viabilidade e cobertura. Ele explicou que a adaptação às características dispersas e individuais das soluções é crucial, devido à demografia e geografia diversificada do Brasil. A legislação estabelece metas ambiciosas, mas para atingi-las, é necessária uma abordagem flexível e adaptável. Marcelo também destacou a importância da capacitação e sensibilização das comunidades rurais, que muitas vezes enfrentam a falta de água e outras infraestruturas básicas. A busca por soluções inovadoras e sustentáveis é imperativa para superar esses desafios.
Elcires Pimenta reforçou a necessidade de repensar e implementar políticas públicas de saneamento em áreas rurais e favelas, como base para a universalização dos serviços de saneamento. Ele ressaltou que é essencial considerar a diversidade cultural e social do país para garantir condições sanitárias adequadas para todos. Segundo Elcires, políticas bem-sucedidas devem ser sensíveis às particularidades de cada comunidade, envolvendo-as no processo de decisão e implementação.
Antonio da Costa Miranda Neto discutiu a importância do saneamento básico nas áreas rurais e periféricas, enfatizando a necessidade de investimentos e ações estruturantes para promover a saúde e a qualidade de vida. Ele apontou a criação de um Fundo Nacional de Universalização e subsídios para populações de baixa renda como essenciais para avançar neste desafio. Miranda enfatizou que, sem um suporte financeiro robusto e políticas específicas direcionadas às comunidades mais vulneráveis, será difícil alcançar a universalização do saneamento.
O painel destacou que a universalização do saneamento no Brasil só será possível com um olhar atento e ações específicas para as áreas rurais e favelas. Os participantes concordaram que a integração de políticas públicas, a participação comunitária e os investimentos direcionados são fundamentais para superar os desafios e garantir que todas as populações, independentemente de sua localização ou condição socioeconômica, tenham acesso a serviços de saneamento de qualidade.
Elcires Pimenta, Marcelo Chaves Moreira e Antonio da Costa Miranda Neto
Papel do Saneamento na COP 30
O último painel do 2º Fórum Universalizar foi dedicado à discussão do papel crucial do saneamento nas ações de combate às mudanças climáticas, especialmente no contexto da COP 30. Este painel contou com a presença de Camila Roncato da Aesbe, Ricardo Soavinski da Saneago e Aguinaldo Ballon da Cedae, com moderação de Ricardo Soavinski.
Aguinaldo Ballon abriu o painel ressaltando a importância do saneamento na perspectiva das mudanças climáticas. Ele destacou a urgência de implementar ações eficazes para reduzir os impactos ambientais e garantir a segurança hídrica e alimentar. Ballon enfatizou que as mudanças climáticas agravam os desafios já existentes no setor de saneamento, tornando crucial a adoção de medidas que possam mitigar esses efeitos e proteger a biodiversidade.
Camila Roncato trouxe à discussão a relação entre a conservação do bioma Cerrado e a queda na precipitação, enfatizando a necessidade de preservação das áreas nativas para evitar crises hídricas. Ela mencionou que a degradação ambiental no Cerrado tem impactos diretos na disponibilidade de água, afetando tanto o abastecimento quanto a biodiversidade. Camila também destacou a importância da adesão ao Pacto Global para atender aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e contribuir para a universalização do acesso à água potável e ao saneamento.
Camila Roncato destacou a importância da adesão ao Pacto Global para atender aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)
Além disso, Camila Roncato enfatizou a necessidade de uma integração robusta entre empresas, governos e comunidades para enfrentar os impactos das mudanças climáticas, como secas e inundações. Ela afirmou que a colaboração é essencial para garantir a disponibilidade de água e a resiliência das comunidades. Camila destacou a relação direta entre saneamento, meio ambiente e inclusão social na construção de cidades resilientes, além da importância da fiscalização e da conscientização das empresas para mitigar eventos danosos ao meio ambiente e à saúde pública.
Ricardo Soavinski encerrou o painel falando sobre a importância da gestão eficiente da água e da resiliência diante das mudanças climáticas. Ele explicou que a interligação de sistemas de abastecimento é fundamental para garantir a segurança hídrica e que a participação coletiva na preservação dos recursos hídricos é crucial. Soavinski destacou que a gestão integrada e a colaboração entre diversos setores são necessárias para enfrentar os desafios climáticos e assegurar a sustentabilidade dos recursos hídricos.
Aguinaldo, Camila e Ricardo fizeram parte do último painel do evento
Rafael Castilho, coordenador do MBA ESG, MBA PPP e MBA Saneamento fez os agradecimentos finais do evento, enfatizando sua importância
O fórum proporcionou uma troca rica de conhecimentos e experiências, destacando a importância de estratégias integradas e sustentáveis para alcançar a universalização do saneamento.
Confira o segundo dia do 2o Fórum Universalizar na íntegra! Para saber mais mais palestras e eventos relacionados com o setor de saneamento, acompanhe nossas redes e site!